Organizações civis de Juruti visitam lagoa de rejeitos da mineradora Alcoa


No último dia 08, lideranças da sociedade civil de Juruti realizaram uma visita às lagoas de rejeito da mineradora Alcoa em Juruti. A visita foi motivada pelos recentes acontecimentos em Brumadinho, Minhas Gerais, onde ocorreu uma catástrofe humana e ambiental em operações da mineradora Vale.

Estavam presentes na visita representantes do Instituto Juruti Sustentável-IJUS, Universidade Federal do Oeste do Pará-UFOPA, Sindicato dos Professores de Juruti-Sinproej, Associação Comercial e Empresarial de Juruti-ACEJ, Associação de Mulheres Trabalhadoras de Juruti – AMTJU, Sindicato dos Taxistas, Associação Folclórica Tribo Muirapinima, Associação Folclórica Tribo Mundurukus, e Conselho de Pastores de Juruti..

A sociedade civil de Juruti vem manifestando grande preocupação com as operações da Alcoa em Juruti. Com objetivo de obter esclarecimentos sobre a forma que a mineradora Alcoa trabalha foi solicitada esta visita. O IJUS, entende a importância das operações para Juruti, como por exemplo, arrecadação fiscal pela prefeitura, empregos diretos e indiretos gerados, a movimentação econômica do comércio no município. Mas, a sustentabilidade das operações deve priorizar a boa manutenção da vida, cabendo também a sociedade civil organizada acompanhar o desenvolvimento das ações para esclarecimento dos cidadãos.

Lideranças e engenheiros da Alcoa explicaram as diferenças entre barragens e as lagoas utilizadas na empresa. As barragens têm a característica construtiva de dezenas de metros acima do nível do solo, sofrendo pressão única e concentrada. Em Juruti, a mineradora utiliza lagoas, tendo modelo construtivo abaixo do nível do solo, aproveitando-se a escavação feita para a extração do minério. Assim, o rompimento é um cenário muito remoto e, ainda que houvesse um incidente, segundo a mineradora, a maior parte do rejeito ficaria contido nas próprias cavas, abaixo do nível do solo.

A Alcoa possui duas lagoas de disposição construídas acima do nível do solo e que estão fora de operação, tendo seu rejeito com maior parcela seca. Existem outras duas em operação e uma em construção, todas abaixo do nível do solo. A lagoa de espessamento, responsável pelo recebimento da água bombeada do prédio de lavagem de minério e recirculação de água após a decantação da lama, permanecerá sempre em uso. O sistema de lagoas possibilita o reaproveitamento de 70% da água, recirculando a água das lagoas para a planta de lavagem e utilizando captação adicional apenas quando há necessidade.

“A lavagem da bauxita utiliza apenas água sob pressão. A lagoa de espessamento armazena 4 milhões de metros cúbicos e tem o papel de concentrar o sólido e fazer recircular a água. Dentro da lagoa temos duas dragas em funcionamento, que enviam o material mais pastoso, composto por argila, para as lagoas de disposição. Quando as lagoas estiverem secas, elas passarão por reabilitação e reflorestamento. Além disso, temos uma bacia de contenção preparada para as chuvas decamilenares*”, explicou Genesis Costa, gerente de Produção da Alcoa em Juruti.

 

Mais rigor

Genesis Costa ainda afirmou que a Alcoa sempre utiliza a lei mais restritiva existente, em nível mundial, estabelecendo esta como o padrão global da empresa. “Isso aumenta a exigência e o custo, mas é a forma como a Alcoa opera. Com isso, ganhamos em segurança e qualidade para a equipe de profissionais que estão diretamente em campo”, afirma.

A mineradora afirmou que suas estruturas são classificadas como de nível de risco baixo, e mantem um Plano de Ação Emergência (PAE) desde o início de suas operações, em Juruti, em 2009, incluindo simulados de atendimento a eventuais acidentes.

A Alcoa é fiscalizada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (SEMAS) a cada três meses e sempre que há uma necessidade o órgão realiza fiscalizações. Além disso, anualmente, a Agência Nacional de Mineração realiza vistorias. Desde o acidente ocorrido em Mariana, Minas Gerais, em 2015, a Alcoa contrata consultorias externas globais para monitoramento e passa por auditorias internacionais.

Risco controlado

Adriana Araújo Castro, professora de Geologia da UFOPA, no campus de Juruti, ponderou que de modo geral, seja como lagoa, seja como barragem, ou qualquer tipo de operação, sempre haverá um risco e o importante é verificar se a empresa está tomando as devidas precauções. “Me pareceu que a Alcoa está bem preocupada em monitorar, cumprir os procedimentos e garantir a segurança de suas operações. Além disso, o fato de que a bauxita é lavada sem produto químico e as lagoas terem topografia abaixo do relevo, nos deixa mais tranquilos, porque não haveria contaminação ambiental ou transbordo com facilidade.  Entre barragem e lagoa, obviamente lagoa é o método mais seguro. O fato de nos convidar de forma voluntária, isso é um sinal positivo. Eu saio desta visita um pouco mais tranquila no sentido de que a empresa está se empenhando pra seguir todos os procedimentos de segurança”, afirma.

A manifestação de maior tranquilidade ao visitar as operações da empresa foi unânime pelos visitantes. “Como representantes da sociedade civil organizada de Juruti, nos sentimos mais tranquilos, mas seguiremos acompanhando de perto as operações da Alcoa em Juruti, este é um compromisso do Instituto Juruti Sustentável”, afirmou Gustavo Hamoy, diretor-presidente do Instituto Juruti Sustentável (IJUS).

“Percebemos a responsabilidade e segurança com que a Alcoa trabalha, e ficamos tranquilos”, declarou Vibarto Hidaka, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Juruti (ACEJ). Assim como a presidente da Associação Folclórica da Tribo Muirapinima, Sandra Regina Andrade Pereira: “saio daqui mais tranquila. Acredito que a Alcoa trabalha para minimizar os riscos. Se eu estou mais tranquila, posso tranquilizar as pessoas pelo que eu vi”.

Rogério Ribas, gerente de Relações Institucionais e Recursos Humanos da Alcoa em Juruti, informou porque trabalha há quase 30 anos na empresa. “Os Valores da companhia – agir com integridade, operar com excelência e cuidar das pessoas – me fizeram e fazem trabalhar por tanto tempo e todos os dias com orgulho na Alcoa. Não é teoria, é valor. Ao menor risco de qualquer incidente, nossas operações serão interrompidas imediatamente para realizar as ações corretivas e manter a segurança das pessoas e do meio ambiente”, declarou.

A mensagem que fica à sociedade civil de Juruti, sobre o que foi observado, é que a mineradora tem constante vigilância sobre todo seu processo operacional e demonstra preocupação em manter suas operações seguras. Ficamos mais tranquilos, mas é sempre importante salientar o risco existente, pois é sabido que o processo minerador realiza uma grande intervenção no meio ambiente, e toda intervenção traz consigo riscos, demonstrados aqui como baixo, mas ainda existentes. Cabe a nós mantermos o canal de comunicação aberto com a mineradora para que estejamos sempre informados e capazes de orientar a população.

  • Decamilenar- Chuva que ocorre a cada 10 mil anos.
  • Fotos comunicação Alcoa.