Formação de empreendimentos sociais pelo Projeto Ingá contou com ciclos que envolveram temas como organização comunitária, produção, construção de precificação de produtos e serviços e custos
Foi concluída mais uma etapa do Projeto Ingá, em Juruti, com 200 horas de formação de 11 empreendimentos sociais do município. São organizações que atuam na prestação de serviços à população e ao meio ambiente. A formação objetivou trabalhar o fortalecimento do capital humano junto às instituições locais para o desenvolvimento do empreendedorismo social no município. A metodologia envolveu aprendizagem em sala de aula e “tempo comunidade”, ambiente propício para vivenciar na prática os conteúdos em comunidades e áreas de atuação.
Marunei Mesquita, representante do empreendimento Manejo de Quelônios do Miri Centro, aprovou a formação, falando com orgulho. “Foi um dos maiores passos da nossa vida participar do treinamento para formação de gestão. Terminamos e saímos felizes, já com o intuito muito grande, aprendemos como trabalhar, como planejar, aprendemos também que é preciso fazer projetos para podermos andar. Foi um aprendizado que nunca tivemos”.
A formação dos empreendimentos sociais passou por ciclos com temas como organização comunitária, produção, construção de precificação de produtos e serviços e custos. No terceiro e último ciclo, os participantes abordaram a comercialização, ou seja, como construir sua imagem, comunicação com os clientes, e posicionamento no mercado alvo.
Após todo o processo formativo, ocorreu a “Mostra dos Empreendimentos Sociais”, uma oportunidade para o público ver de perto os empreendimentos. A exposição ocorreu na Praça Central de Juruti, durante a semana do “Festribal” (Festival das Tribos Indígenas de Juruti), a principal festa popular do município que tradicionalmente atrai muitos turistas. Foi um momento muito importante, pois, cada grupo colocou em prática o que foi aprendido durante o período de formação, com trocas de conhecimentos e experiências entre os participantes e os formadores do curso. Nessa exposição, as pessoas do município e visitantes conheceram os produtos e serviços que esses empreendimentos desenvolvem localmente.
“A percepção que tive, em primeiro ponto, foi a capacidade de organização das pessoas que estão hoje no Formar Gestão. O processo de diversificação dos vários produtos e técnicas, o interesse em estar presente durante esses três ciclos de formação. Poder perceber que homens, mulheres e juventude estão empenhados nesse processo de formação do município. Então, o grupo está de parabéns”, avaliou Wagner Luiz, professor do Formar Gestão pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB).
“A minha experiência no Formar Gestão foi ótima. Tudo que eu precisava saber para meu empreendimento, principalmente da precificação dos meus produtos. Depois dessa formação, já tenho entendimento de como valorizar meu trabalho. Foi muito importante, gostei muito dos três ciclos que estudamos. Estou podendo levar esse conhecimento para minhas colegas”, afirmou Degenane Ribeiro, integrante do empreendimento “Doce Sonho”.
Rozangela dos Santos, representante do empreendimento Sacolas Ecobag, está com nova perspectiva com todos os aprendizados. “Foram ciclos bem vantajosos para todos. A troca de experiência que eu tive com outras pessoas e empreendimentos também foi muito legal. A mostra é uma experiência bem grande porque a gente percebe o quanto as pessoas se envolveram para que, hoje, estivessem aqui. Então, tudo aquilo que na maioria das vezes pensávamos ser somente um sonho que estava no papel, hoje, isso se tornou para nós uma grande realidade. Sou muito grata por essa formação, por essa mostra e, principalmente, pela oportunidade que nós tivemos com o aprendizado que valeu para todos nós”, concluiu.
Formação de uma rede institucional
Além da carga horária de 200 horas em formação, no dia 24 os empreendimentos voltaram a se reunir em uma etapa extra. A ideia foi a construção de uma rede institucional entre todos e ampliar para comunidade local.
A conclusão é que, mesmo atuando em diferentes empreendimentos, os empreendimentos podem se organizar em conjunto, traçando metas, objetivos e projetando-se no município e região. Dentro de um diálogo coletivo construíram um modelo de rede institucional e um calendário de eventos que podem realizar ainda neste ano. Em setembro, o grupo deve realizar mais um encontro formativo detalhando os objetivos da rede.
“Esta oficina é um complemento do Formar Gestão dos empreendimentos sociais. Nela, foi discutida entre os empreendimentos a construção da rede. A partir disso, construímos alguns modelos e no final chegamos à conclusão de qual modelo optar para trabalhar. A importância é que a partir de agora, mesmo sendo de produtos diferentes, realidades diferentes, urbanas e rurais, eles começam a se juntar e discutir um trabalho em conjunto”, enfatizou Marcelo Alves, Analista socioambiental do IEB e professor da oficina.